E diz o Ricardo Castro lá da nossa escola.
"Após ter feito uma análise aos jornais diários, sobre o resultado da manifestação, pareceu bem salientar uma informação:
Nós estivemos lá ...
"Deixe-nos Ensinar!!!"
Estes foram os representantes de uma escola insatisfeita... de uma escola que fala a uma voz....
A senhora ministra, numa postura que já lhe conhecemos, atacou os sindicatos e os Movimentos de professores, mente descaradamente afirmando que a burocracia a que os professores se referem se resume ao preenchimento de duas folhas com os objectivos.
Este tipo de discurso só tem uma leitura. Os professores, 120 mil, são todos doidos, fazem centenas de km, manifestações só igualáveis no período revolucionário de Abril e tudo porque têm de preencher duas folhas de objectivos. Francamente senhores professores!
Não fossem os professores de elevado sentido de responsabilidade , profunda consciência cívica e de defesa dos interesses nacionais, este seria o momento de transformar esta manifestação num acto de fúria colectiva...
Não viemos a Lisboa para terminar o processo, mas antes, para o retomar. Aqui foi retomado um processo que será, certamente, irreversível e cujos contornos ameaçam passar pela desobediência civil.
Os professor estão fartos da arrogância e da prepotência da senhora ministra. Não queremos progredir na carreira à custa de uma avaliação de faz de conta que não passará de uma fantochada. O que a senhora ministra pretende que façamos quando se refere à simplificação do processo não se compreende. Se o objectivo era simplificar, então para quê o DR nº2/08 de 10 de Janeiro?
Será que pretende manter a mesma fantochada, a avaliação de faz de conta realizada no ano anterior para os cerca de 20 mil professores que foram avaliados?
Os professores são uma classe de profissionais séria, competente e que não trabalha para parecer que é ... nós somos... não fazemos de conta que somos ...
Esta classe de profissionais desenvolve um trabalho demasiado importante para o futuro do país e o legado que deixa às gerações futuras é a honestidade, não o fazer de conta que se faz....
Já no Terreiro do Paço, procuramos o grupo dos professores do Norte que sairiam na frente da marcha com destino ao Marquês de Pombal.
Enquanto tentávamos avançar entre o mar de professores, no palco, os dirigentes da plataforma sindical disparavam críticas sobre as políticas de educação.
A Avenida da Liberdade estava a rebentar pelas costuras, íamos subindo e os gritos de protesto repetiam-se com a educação e civismo que caracterizam este grupo de profissionais.
Eram 17:00h quando a indignação varreu de lés a lés os 120 mil professores. A senhora ministra, não se sabe bem porque motivo, refugiada na DREN, inicia a sua conferência de imprensa precisamente à hora marcada para o inicio do comício da plataforma sindical no Marquês de Pombal.
Com cerca de 90% dos professores na rua, a senhora ministra falava para quem?
E abre o discurso a dizer "Este não é o meu pior dia" e continua com afirmações redundantes " a lei é para cumprir" e " o processo de avaliação é para continuar" e "não há outro". A arrogância, a prepotência e os insultos aos docentes marcaram o discurso que denota, como disse MN, um grande analfabetismo político. Só o autismo e analfabetismo político impedem a tutela de ler as evidências de 90% de uma classe profissional em contestação de uma política que lhes é imposta e insiste, cinicamente, em trilhar o caminho traçado em direcção ao abismo.
Este foi o percurso que, contrariamente ao que MLR deve pensar, não é para nós uma festa.
É com muito sacrifício que abdicámos de um sábado, fazemos perto de 800km, deixámos a família e a organização da semana seguinte, tudo pela defesa do que consideramos ser premente no momento: a luta pela dignidade da carreira dos professores, o respeito pelo direito a uma avaliação justa e com rigor e equidade, o fim da divisão da carreira em professor e professor titular e a necessária alteração do ECD.
Pelo caminho, os imprevistos que não podiam acontecer, aconteceram mesmo! Um pneu rebentou em plena auto-estrada, estávamos em Leiria.
Nem queríamos acreditar, estávamos tão perto e íamos ficar ali.
Alternativas, só uma. Pedir novo autocarro à empresa que teria de vir de Paços de Ferreira. Eram 11:30h. Pensávamos que não iríamos estar presentes, ou na melhor das hipóteses chegaríamos no final da manifestação.
Apesar de tudo, esperámos... 2 horas intermináveis ...
Perto das 14:00h chegou o novo auto-carro e retomamos a corrida contra o tempo.
Fomos ouvindo na TSF "120 mil professores na manifestação" e alguém dizia - ainda faltam 54 ...
E eis que chagávamos... O que encontrámos foi um mar de professores... Professores que acreditam no que fazem e que vale a pena lutar pela defesa do melhor que podemos deixar às gerações futuras - A EDUCAÇÃO.
Lisboa estava assim e tinhamos chegado...
Às 8:00h da manhã de dia 8 de Novembro, os professores da E.B. 2/3 de Nevogilde iniciavam, como milhares por todo o país, a viagem com destino a Lisboa, para mais uma manifestação.
Levámos a determinação e a certeza das nossas reivindicações contra a prepotência de MLR, mas principalmente a convicção no valor da educação e a certeza do quanto as medidas impostas pelo ME – ECD e Modelo de Avaliação de Desempenho – contribuem para a degradação da educação que queremos para os nossos alunos e que, desta forma, é humanamente impossível conseguir.
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