De tanto ler História, pareço bruxo. Pelos vistos, os meus receios não eram de todo infundados.
Agora, temos uma nova versão do velho memorando. São as tréguas. Isto quando, no dia anterior, a Ministra afirmava, no Parlamento, estar disposta a negociar tudo, excepto as quotas e a divisão da carreira. E contudo, pasme-se, nem sequer teve necessidade de suspender o actual modelo de avaliação para que ,de bandeja ,os sindicatos lhe oferecessem aquilo de que ela mais precisa . Tempo. Só o tempo será capaz de diluir toda esta atmosfera de contestação e luta.
Por isso não percebo. Receio bem que a velha táctica leninista de " um passo em frente , dois passos atrás " esteja a ser recuperada. As negociações não deveriam, de acordo com o mandato que os professores conferiram aos sindicatos, ser apenas retomadas caso a tutela suspendesse a execução do actual modelo de avaliação?
Reunir para quê ? Para discutir as únicas questões que para a Ministra estão acima de qualquer negociação? Quais são, então, os sinais de abertura de que falam os sindicatos e que os levam a suspender as greves previstas? Será possivel, com estes passos de bailarina, motivar as pessoas para encararem formas de luta mais duras, como as greves de zelo às avaliações? Porquê desaproveitar o momento ? A imaginação esgotou-se, precisam de tempo para pensar ? É uma questão de calendário? Continuo a não perceber. De tanto esperarem pela fruta madura vão acabar por vê-la apodrecer. A não ser que eu esteja enganado. Tudo isto pode ser apenas encenação. Uma encenação de que ambas as partes estão conscientes. Mas pode ser também que professores e sindicatos estejam a falar de coisas diferentes. Para mim, com as anunciadas tréguas acabaram apenas de dar mais um sopro de vida a um cadáver já anunciado. Que sejam os sindicatos a fazê-lo, deve no mínimo fazer-nos pensar.