Chegados ao final da interrupção lectiva da Páscoa, qual o tema que se segue a eleger pela comunicação social?
O episódio do Carolina Michaelis preencheu páginas e páginas de jornais, revistas, ocupou tempo de antena e espaço de telejornal e, até pela blogosfera , foi tema de eleição.
Indisciplina e violência nas escolas, tudo a propósito de um "telemóvel". De forma mais ou menos declarada, muitos procuraram passar a imagem de uma Escola Pública onde impera a balbúrdia, onde os professores não estão preparados para educar esta geração das "novas tecnologias".
Se é verdade que o episódio do Carolina Michaelis é grave e que, episódios com contornos similares se sucedem nas salas de aula de todas as escolas, todos os dias, não é menos verdade que, este tipo de comportamentos é típico desta nova geração e, a "Escola" deverá adoptar os meios adequados para gerir esta nova forma de indisciplina ou de postura dos alunos. Ninguém pode esperar que os adolescentes, de hoje, apresentem as mesmas atitudes ou formas de indisciplina que os adolescentes de há 10 ou 20 anos atrás.
A Escola é a instituição que caminha ao lado dos jovens e, por isso, percebe o que em cada geração se vai alterando...
Os artigos de opinião que fomos lendo, valem o que valem. Não passam de opiniões de quem observa a escola da parte de fora.
A "escola" tem no seu interior tudo quanto necessita para reflectir as mudanças e, com elas, ajustar procedimentos.
Neste contexto, em que cada ano é diferente do anterior, com comportamentos diferentes e ligeiras mudanças de atitudes, sejam fruto das tecnologias ou de contextos socio-familiares, quem melhor que a escola para perceber as mudanças e integrar os procedimentos adquados?
Há que dar à escola o direito à reflexão, à opinião e aplicação prática das suas conclusões.
O discurso do Valter Lemos evidencia uma clara orientação doutrinária e de propaganda, que me atravo a designar de pobre e doentia. É um discurso formatado para a apresentação e defesa de princípios consensuais, mas na prática, esses princípios, são contrariados pela legislação aprovada.
"Como sabe, basta ver o novo Estatuto do Aluno para se perceber que a autoridade dos professores é em muito reforçada.
Dos professores, de cada um dos professores, dos presidentes dos Conselhos Executivos, dos directores das escolas.
Foi para isso aliás que se fez a alteração ao Estatuto do Aluno.
Mas a alteração fundamental, aquilo que é mais essencial na alteração do Estatuto do Aluno, foi a alteração dos aspectos relacionados com a capacidade que os professores, os directores de turma e os directores de escola têm.
Estes passam a ter uma capacidade maior de intervir, de poder actuar em tempo útil, punir comportamentos inadequados, e comunicar com outras entidades."
Basta ver o Estatuto do Aluno para se perceber que nada disto é verdade.
A verdade é que este Estatuto do Aluno desvaloriza o papel do Conselho de Turma na tomada de decisões e subordina a tomada das principais medidas à decisão das DRE's .
Quem acompanhou o caso do Carolina Michaelis comprova que todo o processo foi conduzido pela DREN, assim como, a celeridade na tomada de decisão se ficou a dever à mediatização.
Será que este senhor acredita realmente no que diz ou tudo faz parte da encenação?
Daniel Sampaio em entrevista à SICN , considerou o novo Estatuto do Aluno uma "monstruosidade do ponto de vista pedagógico e do ponto de vista legal".
É pública a posição dos professores relativamente ao novo Estatuto do Aluno, que consideram, potenciador de facilitismo por parte dos alunos e diminui a autoridade dos professores, pelo que, as palavras de Daniel Sampaio não trazem nada de novo. O que nos espanta é que tenha demorado tanto a tomar uma posição. Mas antes tarde que nunca.
Espanta também que, quem ao longo de décadas se bateu pela escola dos brandos costumes, da desculpabilização e justificação dos comportamentos e atitudes pela teoria dos afectos, inverta, agora, o seu discurso para assumir a necessidades de posições mais assertivas. Reforça a ideia de que cada acto, em qualquer idade, tem as suas consequências e a impunidade é um grave erro educativo.
Daniel Sampaio é mais uma poderosa voz a confirmar a preocupação dos professores, face à política irreflectida do Ministério da Educação e a concluir que, o discurso de autonomia do governo não corresponde à realidade das escolas.
Estatuto do aluno - Lei nº3/2008
Escolas com problemas de indisciplina podem propôr contratação de técnicos especializados - ME
(...)
"Se uma escola tiver um grande problema de indisciplina generalizada pode apresentar à Direcção Regional de Educação uma proposta para o reforço dos meios técnicos", afirmou Valter Lemos.
(...)
O senhor Secretário de Estado não vê, não quer ver ou não lhe convém!
O que se vive nas escolas e nos deve preocupar, a nós professores, à sociedade e ao ministério da educação, não é a violência, essa é facilmente identificada e circunscreve-se a padrões tipo, características determinantes, com as quais os professores já aprenderam a contar e a resolver, com a ajuda dos poucos técnicos que a escola vai dispondo. Esses não são o maior problema!
O problema está na atitude de "indisciplina suave" generalizada em quase todos os outros alunos. Naqueles que nada faz prever que possam ter tais atitudes, mas que todos os dias têm. São pequenas atitudes de destabilização, de boicote às aulas, insultos mais ou menos disfarçados, desrespeito provocador, que dentro de uma turma vai acontecendo, ora de uns outra de outros e que transformam uma sala de aula num constante chamar de atenção e, no qual, se perde a sequência de raciocínio imprescindível às aprendizagens bem sucedidas.
Vejo a reacção da aluna da Escola Carolina Michaëlis neste quadro, mas que resvala para uma atitude agressiva e de desrespeito total, um verdadeiro estado de descontrolo e histeria, após uma tomada de posição mais severa, por parte da professora.
Este não é um problema para contratar novos técnicos, é um problema social, é um problema de falta de reconhecimento de autoridade da escola e do professor. Mas é, além de tudo, um problema de desvalorização da escola.
Quem semeia ventos, colhe tempestades! Ei-las...
Não é preciso muito para percebermos que o que se passou na Escola Carolina Michaëlis é extremamente grave. E o pior é que todos temos a noção de que, como outros professores entretanto já confirmaram, este não é um acontecimento tão isolado assim. Nem sequer me estou a referir aos casos, de que com alguma frequência ouvimos falar, de actos que ocorrem em escolas implantadas em zonas consideradas mais problemáticas, perpetrados por estudantes que as frequentam. Até porque essas escolas, fruto da sua natureza, são, tanto quanto sei, objecto de uma maior vigilância e protecção em relação a um estabelecimento de ensino dito “normal”. Não.
O problema, do meu ponto de vista, é estrutural: creio que hoje se terá perdido, em grande parte, a noção de que, a seguir à instituição “família”, as instituições “escola” e “professor” são as mais importantes na construção de uma sociedade desenvolvida, equilibrada e onde o respeito, a consideração e a educação sejam, de facto, valores colocados em prática. Os professores, seja no Ensino Básico, Secundário ou Universitário, são alguém que, tal como os pais, nos prepara para a vida, nos confere ensinamentos e práticas essenciais – cabendo, portanto, aos pais, a tarefa de incutir nos filhos o respeito que devem a um professor.
(...)
O caso agora divulgado revela toda a falta de respeito e consideração que hoje se tem na sociedade pela figura do professor. Será tolerável que uma aluna trate a professora por “tu”, como vimos neste caso?!... E que tente, recorrendo à violência, obter algo que a professora justamente lhe havia retirado (o telemóvel)? Ou que outro aluno trate a professora – presente – por “velha”?! É que não conheço ninguém que, enquanto aluno, não tenha caracterizado algum professor com expressões, digamos, “menos recomendáveis” – mas tal não sucedeu, certamente, na sua presença?
Acontece que, hoje, muitos pais defendem sempre os seus filhos? contra os professores, por vezes de forma muito pouco educativa. Prevenir que situações como a da Escola Carolina Michaëlis deixem de acontecer é, pois, e desde logo, uma responsabilidade das famílias (que tem a ver com a educação, com os valores a incutir nas crianças), mas é também uma responsabilidade do Ministério da Educação que nos últimos tempos tem contribuído para denegrir a imagem e a força da figura do professor.
Dois exemplos elucidativos: os professores têm, sem dúvida, de ser avaliados, como acontece em todas as outras profissões, mas não com o modelo burocrático, centralizado e em-algumas-etapas-sem-sentido que foi proposto por este Governo (como há duas semanas escrevi) e que em nada tem contribuído para elevar as relações entre docentes e Ministério, nem a imagem dos professores na sociedade.
E convenhamos: não é o novo Estatuto do Aluno, onde se torna a reprovação por faltas praticamente impossível (e que é, portanto, um verdadeiro convite à falta e ao gazetismo ”), que contribuirá para devolver à figura do professor a autoridade que se foi progressivamente perdendo e que é imperioso que lhe seja devolvida.
(...)
Miguel Frasquilho
E agora, a posição do Secretário de Estado Valter Lemos, sobre o mesmo assunto:
O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, disse hoje, em entrevista à TSF, que a violência nas escolas se deve a factores externos às instituições e que os estabelecimentos têm mecanismos para atacar estes problemas. As declarações do responsável vêm no seguimento do procurador-geral da República PGR ), Pinto Monteiro, citado pelo "Diário Económico", ter pedido mais autoridade para os professores.O responsável informou ainda que o Ministério da Educação tem “programas especiais do ponto de vista da segurança externa através do ‘Escola Segura’ e do ponto de vista da segurança interna através de mecanismos internos de ocupação de alunos e de reforço dos meios de apoio aos professores”.in, Público
Professores também são vítimas
"Os professores são as novas vítimas do bullying", sustentou a investigadora que é docente da Universidade do Minho (UM) e presidente da Comissão Directiva e Cientifica de Doutoramento em Estudos da Crianças.
Embora sem números oficiais, Maria Beatriz mostra-se "muito preocupada" com a forma como o bullying, a agressão continuada e sem motivo, está a atingir os professores.
"Tenho acompanhado casos em que os professores esperam ansiosamente que o ano escolar termine", referiu a investigadora à margem do Fórum Educação para a Saúde, organizado pela Câmara de Famalicão.
No fórum, a docente apresentou a comunicação "O bullying na escola. Que tipo de intervenções?", remetendo-se apenas à violência entre pares, "de crianças e jovens para crianças e jovens".
"Os professores têm dificuldade em controlar os alunos, não conseguem incentivá-los e ficam cada vez mais desmotivados", frisou Maria Beatriz Pereira.
Dos estudos desenvolvidos há, para a investigadora, uma certeza: "quanto maior é o insucesso escolar maior é a incidência de bullying".
As mesmas crianças e jovens que maldosamente agridem e maltratam os colegas, no recreio, dentro da sala de aula, "ofendem os professores, chamam-lhes nomes e ameaçam-nos, não com agressões físicas, mas com avisos de que, por exemplo, lhes vão destruir o carro".
"Nos casos que acompanho, os professores são constantemente denegridos, rebaixados e humilhados pelos alunos", referiu a docente da UM.
Como defesa, admitiu Maria Beatriz Pereira, os professores pouco podem fazer.
"Apresentam queixa contra os estudantes no conselho executivo, as crianças podem ou não ser suspensas, os pais são chamados à escola e pouco mais", disse.
De todas as formas de bullying, as que mais parecem deixar marcas nos professores são, segundo Maria Beatriz Pereira, "o rebaixamento junto de colegas e alunos e as observações maldosas sobre o aspecto físico ou a forma de vestir" dos professores.
"O que caracteriza o bullying é que há sempre um controlo através do medo e isso tanto acontece junto de crianças como de adultos", sustentou.
Desde 1997 que a investigadora do Instituto de Estudos da Criança trabalha sobre a violência escolar. Em 2002 publicou o livro "Para uma escola sem violência. Estudo e prevenção das práticas agressivas entre crianças".
De acordo com os dados então recolhidos, em Portugal pensa-se que "uma em cada cinco crianças e jovens é afectada pelo bullying".
Dos seis mil e duzentos estudantes do 1, 2 e 3 Ciclo, observados no triénio 1995/97, a equipa de Maria Beatriz Pereira concluiu que o insucesso escolar está intimamente ligado ao bullying.
"Quanto maior é o insucesso, maior é a agressividade e a necessidade de maltratar os outros", referiu.
A "única solução" para reduzir os efeitos das agressões físicas e verbais é, para a docente da UM, "a criação, por parte das escolas, de regras rígidas e de punições para quem não as cumprir".
"A comunidade educativa tem que reconhecer a existência do problema, criar um grupo de trabalho com ligação directa à direcção da escola que proceda ao diagnóstico da realidade a partir da qual, uma equipa vai definir as regras de intervenção", disse a investigadora.
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